Todos crescemos com os contos de fadas. De uma maneira ou de
outra, as histórias do “era uma vez, num reino distante...” foram passadas de
pais para filhos. Todos vivemos um pouco do Gato das Botas, do João Pé de
Feijão, do Patinho Feio… E, principalmente as meninas, viveram um pouco de
Rapunzel, Cinderela, Branca de Neve… Habituaram-se à ideia do resgate de um príncipe
encantado perfeito, montado no cavalo branco, que as beijaria com o amor
verdadeiro e as levaria ao castelo onde viveriam felizes para sempre. Claro que
a realidade não podia estar mais longe dos contos de fadas! O cavalo branco
será um Opel Corsa de 2001, com a pintura já meia desgastada e cujos fusíveis
queimam à velocidade da luz. O castelo é o T1 ou T2 que demora uma vida a ser
pago, sempre carregado de tarefas domésticas chatas para serem feitas. O
príncipe encantado tem tantos defeitos como a bela princesa. E afinal de
contas, o que é mesmo o amor verdadeiro?! Isto pode dar uma sensação de frustração
permanente, caso não se aprenda a deixar os contos de fadas na infância. Relações
perfeitas são apenas uma quimera. Graças a Deus! Perfeição é coisa que não
almejo nem desejo. Além disso, nenhuma das muitas Cinderelas são
verdadeiramente princesinhas… Na verdade, na maioria dos casos, estão mais para
Super-Mulheres! Trabalham, cuidam da casa, cuidam dos filhos, cuidam de si e
cuidam dos que a rodeiam. Como é possível que muitas dessas mulheres não vejam
a verdade? Que não são seres frágeis que quebram ao primeiro sinal de abanão? Orgulho-me
da minha condição de Mulher diariamente. Orgulho-me de ser chata, de ser
teimosa, de responder torto, de ser pouco graciosa. Orgulho-me do meu príncipe
encantado, que tem tantos defeitos como eu. Orgulho-me da minha relação que
roça, volta e meia, os limites da loucura. Orgulho-me do meu castelo em forma
de T1 e do meu “cavalo branco” a cair de velho. Orgulho-me mais do que muito do
resultado de tanta imperfeição, que veio na forma de uma criança traquina e de
personalidade vincada. Acima de tudo, orgulho-me de não precisar de ser
resgatada da rainha má, porque sei que eu própria lhe daria cabo do canastro.
O “felizes para sempre” não podia estar mais longe da realidade. Ainda bem! Quem valoriza a felicidade, se nunca conheceu mais nada?
O “felizes para sempre” não podia estar mais longe da realidade. Ainda bem! Quem valoriza a felicidade, se nunca conheceu mais nada?
Muito bem escrito. :)
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