Por diversas razões, tenho pensado muito na questão da
divergência de opiniões. Duas pessoas (ou mais), que esgrimem argumentos com o
objetivo de darem a conhecer as suas posições sobre os mais diversos temas – e dando
também a conhecer uma parte do que são. Uns argumentos fazem sempre mais
sentido do que outros mas, com a exceção de algumas enormidades que nem sequer
têm direito a tempo de antena, penso que todos os argumentos são válidos. É
claro que depois, fica à personalidade de cada um a plena aceitação do que nos
é dito. Isso pode significar que, mesmo reconhecendo a validade dos argumentos,
não seremos capazes de compreender (com a aceitação que a compreensão traz) o
que nos é dito. Isso pode deixar um amargo na boca… Pode dar aquela vontade de
partir para a ignorância. É frustrante gastar o latim e sentir que foi
desperdício de tempo. É mais frustrante ainda sentir que a pessoa com quem
acabamos de divergir na opinião dada sente o mesmo. É quase impossível, durante
algum tempo (que varia sempre consoante o impacto do assunto ou a teimosia da
pessoa), evitar aquele sentimento que bate e traz vontade de gritar para
garantir que somos ouvimos, de elevar a voz até sentir compreensão. Porque as
divergências de opinião nascem da necessidade básica que as pessoas sentem em
serem ouvidas, compreendidas, aceites… E nem sempre isso é possível. Mas,
quando as pessoas acalmam e refletem sobre o que foi dito, podem conseguir
tirar uma lição importante. A discussão e os seus argumentos, sejam eles bem ou
mal apresentados, são uma manifestação de personalidade. Uns mais racionais, outros
mais emotivos, mas todos demonstram um pouco do que somos enquanto pessoas. E
escolher uma discussão em vez de calar é uma forma de atribuir importância à
pessoa com quem acabamos de embater! Por isso, as divergências de opinião,
mesmo quando todos concordem em discordar, não são más. São só mais uma
possibilidade de aprender coisas novas sobre quem nos rodeia, mesmo que,
durante uns minutos ou horas, a vontade seja de pedir paciência a Deus, sabendo
que se se pedir força, partimos a cara a alguém.
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